quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Eterno aprendiz do tempo e da vida, sonhador fascinado pelos mistérios, severo perfeccionista, amante das palavras extintas, da escrita profunda, de certos pensamentos ocultos, das lógicas encobertas. As vezes um surto compromete mil planos, e tantas certezas se tornam enganos, as vezes o ego domina sua mente, e toda pretensão se torna inconsciente.

(Bruno T.)

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Equilibro

Se você pensar que tudo é frágil, acabará não tocando em nada. Se pensar que tudo é perigoso, se tornará refém do medo. Se pensar que todos são honestos, irá se decepcionar. Se pensar que a vida é uma brincadeira, descobrirá que ela é traiçoeira. Se pensar que o mundo surreal é o melhor caminho, será engolido pelo destino. E se pensar demais, se tornará um escritor se assim desejar.

(Bruno T.)

sábado, 26 de outubro de 2013

Ego


Só espero que sua obra seja minha causa, e que minha falha seja você. Só quero fingir não amar, não querer, mas te ter. Sigo só com orgulho de ser só meu, o meu ego contra o seu. Teu, meu, nosso eu amarrado, na ponta da caneta desfigurado, mas perfeito, sem sentido e bem feito. É o carma que eu não creio querendo viver; é o meu mundo estreito e dissimulado procurando em você meu lado errado. São os pedidos que carrego guardados, a espera de poder realiza-los; são os fragmentos de uma vida perversa juntados, são as memórias que me levam pro passado. Tentei vingar tantas promessas, mas todas essas não são mais reais, pensamentos anormais refletem neblina, asa de anjo e conversa fina, cristal feroz que nos alucina, e dá fala a quem foge da vida.

(Bruno T.)

Dias a vulso

Levantou-se, mas manteve as cortinas fechadas, outro dia de ressaca. Olhou no relógio, sem se preocupar com o horário, era desnecessário. Abriu seu armário e separou sua roupa, tomou um banho de água quente e vestiu-se, fazia frio. Tomou seus remédios e fez um café forte. Leu sua sorte no tarô egípcio. Anotou o que sonhou para não se esquecer, e decidiu se entorpecer o que já era de se esperar. Pegou as pedras no seu esconderijo, separou as cinzas do cigarro; enquanto isso preparava uma bebida para ficar relaxado. Desligou o telefone para não ficar preocupado. Enquanto o mundo estava girando, ele estava parado. Enquanto as pessoas estudavam, ele se drogava. Enquanto as pessoas viviam, ele se matava.

(Bruno T.)

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Dons, Lixo, Raridade

Agora sou apenas eu, tentando acompanhar a sinfonia, querendo me encaixar na melodia, mas nada é tão certo quanto eu imaginava. Tantas teorias descartadas. Não me sinto parte disso e todos querem fazer parte, mas eu quero fazer arte, tenho paixão pela essência de cada um, de cada trabalho. Todo ser tem um dom incomum, que normalmente não enxergamos, mas está lá, toda total diferença é raridade, e o que para você pode ser considerado lixo, é um objeto desejado em mãos que lhe agradem. Toda arte faz parte da vida, cada frase, cada pintura, cada moldura, cada estátua, cada linha que não foi descoberta, é mais uma incógnita que me incentiva a desvendá-la.

(Bruno T.)

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A Dama de Corpete

A dama que veio em minha direção, com um corpete justo e um semblante gasto, tatuagem no pescoço e fumando um cigarro. Chamou a minha atenção, olhou de relance, e eu tentei decifra-la. Mas ao conhecê-la melhor, descobri que errei em todos os detalhes. Afirmou não ter nenhum problema, escondendo seu vício com a beleza notável. Seu lápis em seu olho desenhado estava levemente borrado, olhos tímidos, que não correspondiam aos seus atos. Reclamou da primeira dose de vodka, depois cruzou seus braços me pedindo mais, e se descobriu sobre o luar. Deixei que ela queimasse a primeira, no início conversamos sobre hábitos de uso, vida, problemas, gostos musicais, e perguntei a ela porque estava na minha cidade, ela dizia que queria dar um tempo.. até que a primeira fumaça foi tragada, tudo mudou. Ela adorava um desafio, assim como eu. Repetiu várias vezes que a noite nunca acabaria se nós não quiséssemos. E quando amanheceu ela teve de ir embora, e eu só conseguia lembrar os seus gestos e de seu nome, Helena. Quem sabe um dia ela leia este texto e se encontre bem, e nós nos reencontremos para ter o prazer de outra noite tão especial e inesquecível quanto aquela. Enquanto isso, a dama do corpete, ficará apenas nos meus pensamentos e marcada em um papel.

(Bruno T.)

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Oculto

Eles não podem ver direito, mais existe e até demais. Um grito de ajuda e dois passos para trás, língua afiada, luz apagada, quadro mal pintado, coração acelerado, sonhos desfeitos, cigarro no lábio, objetos na mesa, pensamentos de frieza, respiração ofegante, medo progressivo, e desejo constante. Um espanto no olhar, inseguro e assombrado, procura uma cura que não existe.

(Bruno T.)

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Santos do Cemitério

Caio feito morto no seu cemitério, os quatro santos que me cercam já sabem que eu ando cético, mas não me abandonam. Não sei se me perdi de vez, não sei se continuo ou se me permito sumir. A fumaça lembra um rosto esboçado como um espectro. E eu me lembro das pessoas que se foram, algumas eu até me culpo por não ter impedido, tantas vidas vivas, que por palavras, circunstâncias, prazer ou infelicidade, partiram com o silêncio deixando lembranças.

(Bruno T.)

sábado, 12 de outubro de 2013

Vício, Versões e Versos

Sempre me tiraram a razão pelo meu vício. Já me disseram que eu estava possuído, e que precisava ser exorcizado. Já me disseram que eu tinha um encosto que precisava ser retirado. Já me disseram que espíritos presos estavam me conduzindo aos meus atos. Já me disseram que eu renasci condenado e não tinha solução. Já me disseram que eu só cometo pecados por não ser cristão. Já fui abençoado por vários padres. Já acenderam velas em minha casa e fizeram oração para mim. Já fui a dezenas de psicólogos e psiquiatras e nada funcionou, tomei vários remédios, fui internado várias vezes e nada adiantou. Eu não fui atrás de nada disso e mudei completamente, e agora me pergunto como tudo isso passou de repente? Ouvi cada versão de cada religião e nada me chamou a atenção, todos falavam com certezas, que passei a crer na incerteza.

(Bruno T.)

Mil Enganos

Sei que não é fácil expressar o que aconteceu, se foi vivo já morreu, e eu admito que o erro foi meu. Não sei o que será depois, mas agora tudo se foi; como um incêndio, queimou o meu coração, não foi a bela moça, mas toda tentação. Sou um mensageiro desordeiro e sem valor, trago comigo meu inimigo causador; não escute ele, se não se perderá e a cor dos teus olhos se apagará, sem você notar, se foi. Só guarde contigo o que eu digo, não pague para  ser ferido. Tudo o que era bom mudou e agora a nova hora chegou. Tenho poucos anos, mas mil enganos eu carreguei, tinha tantos planos, tantos sonhos e sorrisos que por descuido foram interrompidos. Mudei de endereço e de estado, mas nada mudou o meu agrado. Os pássaros ficaram em silêncio, enquanto os corvos leem os meus pensamentos.

(Bruno T.)

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Fases

O antigo passa a ser engraçado, e o atual interessante, o futuro, irrelevante. Sempre mudamos, a cada dia, a cada instante. A identidade se transforma no que queremos torná-la. Os argumentos são tão influentes para pessoas que se prendem em tudo. Os criadores são crentes naquilo que fazem, e os seguidores tem as suas fases.

(Bruno T.)

Estrelas e Estragos

O que temos para hoje, tem pra todos os sabores. Tudo é liberado, e os lugares já estão reservados. O que temos para hoje, visões fabulosas, cápsulas do vento, diversos sintomas e perda de senso. Temos as estrelas e um whisky cowboy. Temos um quarto de motel, a dona do bordel e nossos heróis. Estamos preparados para ver tudo revirado, ficarmos desnorteados e cair nos braços da luxuria. Ficaremos encarregados de criarmos loucuras.

(Bruno T.)

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Definição em Partes


Entro na floresta escura, mudo a minha postura, faço promessas que não duram. Eu danço nas minhas loucuras. O pensador sempre sente um pouco mais, na busca das respostas em tudo o que faz. Os gostos diferentes o definem, ardil sem condições, sem restrições do que faz. Desfaço-me do que sou fácil, basta uma chance para eu roubar sua chama. Difamam-me por não terem tido a coragem de terem dito o que pensam, simplesmente representam medos guardados, presos preocupados com sua reputação, vidrados pela ostentação. Eu sei, pois sou metade bom, metade mal, posso ser a luz dos olhos, ou assombração. Tenho múltiplas sabotagens guardadas, mas também, a compaixão de uma alma torturada.

(Bruno T.)